abstrair-se

Engraçado como as coisas mudam, a menina que dizia-se forte, hoje chora por amor. Aquele coração, antes solto, hoje vive apertado, esperando os poucos segundos de distração para saltar desse peito. Não há mais espaço, não há mais vagas, porém existe uma pessoa que insiste em tentar entrar, que não se contenta com uma porta fechada, ela busca janelas, busca um meio de tentar furar essa barreira, até então intransponível. E de tanto tentar, acaba conseguindo, de alguma forma, um espaço se abre e mais do que isso, tudo o que estava dentro daquele coração, acha uma forma de escapar. Sobrou-se então, apenas uma pessoa, em um coração vazio. De repente, aquela pessoa é a responsável por toda dor, ou por toda a alegria, todas as lágrimas, ou todos os sorrisos. De repente, de tão vazio, torna-se lotado, esse coração, que antes precisava de lugares cheios, hoje fecha as portas com apenas uma vaga ocupada, porque por mais que seja uma, esta, tem o tamanho de várias. Chegou devagar, tomou conta de tudo, hoje, se for embora, não deixa apenas um coração vazio, mas sim, o leva consigo.